domingo, 10 de abril de 2011

Profissional de Cozinha: Cozinheiro ou Chef?

Foi-se o tempo em que o o mercado de trabalho para o profissional de cozinha se resumia as funções exercidas dentro da própria cozinha. Foi-se o tempo também em que uma "boa mão" e uma dose de talento bastavam para se ter sucesso na cozinha profissional.

Ao mesmo tempo em que se ampliam as opções de atuação no mercado de trabalho em gastronomia, crescem também as exigências por formação e qualificação profissional.


Vivemos um momento em que se multiplicam as opções de cursos voltados para a formação do profissional de cozinha. Mas como nem sempre (quase nunca) a quantidade vem acompanhada da qualidade, é importante pesquisar e conversar com pessoas que já tenham feito, ou estejam fazendo esses cursos.

Em Salvador, os candidatos a gourmet podem optar pelos cursos livres, por aulas particulares, pela formação de nível técnico ou pela formação superior através das graduações tecnológicas ou bacharelado.

Para quem gosta de cozinhar, mas não tem pretensões profissionais, indico os cursos livres oferecidos pelas unidades do Senac-Ba (Pelourinho, Aquidabã e Casa do Comércio). Existe uma imensa variedade de cursos nas áreas de alimentos e bebidas.


Os cursos tem, em média, 20 horas de carga horária. Custam de 60 à 100 reais e são ministrados pelos instrutores de Formação Hoteleira do próprio Senac. Nesses cursos é possível aprender um pouco de teoria, ter contato com receitas, colocar a "mão na massa" ajudando os instrutores e degustar as preparações ao final de cada aula. Todos os cursos contam com material de apoio (livros ou apostilas).

Veja alguns cursos oferecidos pelo Senac:
  • Acarajé e abará;
  • Bolos artísticos;
  • Bolos e tortas;
  • Bombons e trufas;
  • Comida de botequim;
  • Cozinha árabe;
  • Cozinha brasileira;
  • Cozinha italiana;
  • Cozinha japonesa;
  • Cozinha mexicana;
  • Cozinha portuguesa;
  • Culinária baiana;
  • Culinária básica;
  • Culinária de forno;
  • Culinária junina;
  • Culinária típica regional;
  • Doces finos;
  • Drinques e coquetéis;
  • Estudo dos vinhos;
  • Preparo de pizzas;
  • Preparo de risotos;
  • Preparo de sobremesas.
  • Preparo de tortas doces e salgadas;
  • Saladas;
  • Salgados para lanchonetes;
  • Sushi e sashimi;
  • Tortas e quiches;
Nas próximas postagens apresentarei algumas opções de cursos técnicos.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Volta às aulas

Depois mais de três meses de recesso e três semanas de atraso, as aulas recomeçaram na Faculdade de Gastronomia da UFBA. Ainda à meia boca, mas recomeçaram.

Continuam os problemas com falta de professores, possibilidade de disciplinas serem canceladas e falta de salas. Atualmente as aulas teóricas ocorrem em algumas salas do Colégio Manoel Novaes. As aulas, práticas ninguém sabe onde ou se vão ocorrer.

Na aula, nada de mais... Apresentação dos conteúdos que serão trabalhados esse semestre (a coisa promete!). Mas valeu à pena por rever os colegas.



O curso ainda tem contribuído menos do que espero para a minha formação como profissional de cozinha... Mas vou me dedicar um pouco mais através das leituras para tentar compensar essa deficiência.

Quem faz Gastronomia na UFBA hoje, tem que ter perfil de estudante "autônomo": se não correr atrás, vai envelhecer esperando.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Livre pensar x Livre expressar


Nessas últimas semanas me diverti muito com o deputado Jair Bolsonaro. O site dele e os vídeos com seus discursos é qualquer coisa de surreal.

É claro que seu discurso não foi feito pra me agradar. Mas não concordo com os que o chamam de louco (talvez, um pouco), pois ele conhece muito bem, o público que quer atingir.

Por mais desprezíveis que sejam suas idéias (e são), elas representam o pensamento de uma massa que o elegeu (a ele e a uma galera que age em silêncio, sem tanto estardalhaço, apesar de comungar das mesmas idéias). A esses, eu prefiro confrontá-los a simplesmente fazê-los calar.

Processos, multas, até mesmo uma cassação, não farão desaparecer o fato de que somos vítimas e algozes do toda sorte de preconceito... o baixinho discrimina o gay, que discrimina a gorda, que discrimina o negro, que discrimina o judeu, que faz o mesmo com os nordestinos... religião, orientação sexual, cor da pele, condição financeira, nível de escolaridade... não faltarão elos para alimentar essa corrente.

De todas as declarações que li e ouvi e assisti sobre o “caso Bolsonaro” (de presidentes de OABs, da ministra da Secretaria de Igualdade Racial, de membros da Comissão da Diversidade Sexual, do secretário de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, de integrantes do Conselho Nacional de Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (porra!!!) ou simplesmente CNCD/LGBT, artistas, jornalistas...), a mais sensata (e democrática) foi a do próprio deputado, afirmando que vai continuar apresentando seus projetos e defendendo suas idéias; quem for contra, que o confronte.

Aliás, para quem tem bom humor vale à pena visitar o site desse lunático: os discursos são umas “obras primas”. Defende a implantação de uma nova ditadura militar e acredita na “cura” do homossexualismo em crianças e adolescentes, mesmo que “à base de algumas palmadas”.

Não quero que idéias como as defendida pelo imbecil do Bolsonaro se perpetuem, mas gostaria que os que pensam como ele, se manifestassem... Às vezes o “inimigo mora ao lado” e nem nos damos conta. Nosso discurso rolo-compressor do tipo “concorde com a maioria ou cale-se” nos priva do debate e da luta pelo respeito às diferenças.

É mais fácil identificar o indivíduo do que as atitudes. "Bolsonaros" existem muitos (seu colega de trabalho, o professor de seu filho, o vizinho, o irmão da igreja, o colega da faculdade, o amigo do bába, o dono do mercadinho) mas só enxergamos o que aparece na televisão. E são justamente esses que compartilham o nosso dia-a-dia, que elegem o outro, que quer "curar" os gays.

Alguem se lembra das declarações do coordenador da Faculdade de Medicina UFBA, o senhor Antonio Natalino Manta Dantas? Foi ele quem afirmou que os estudantes baianos tinham "déficit de inteligência" em comparação com os de outros lugares e que sofriam "contaminação" por causa do sistema de cotas. Afirmou ainda que o berimbau é o "típico instrumento de quem tem poucos neurônios".

Depois da polêmica, renunciou ao cargo e ficou tudo por isso mesmo. A pratica racista e discriminatória continua no país porque os "Natalinos Dantas" da vida, continuam por aí.

Acho que temos que estar atentos tambem ao papel que a imprensa desempenha nesses processos. Para nossos "órgaos de comunicação", quanto mais lenha na fogueira melhor. Ela informa, mas não esclarece.

No "caso Bolsonaro", o próprio apresentador, Marcelo Tas, ao comentar a entrevista, questionou se o deputado deveria ou não ter entendido a pergunta. Se havia dúvida, porque não esclarecê-la antes do programa ir ao ar? A resposta é óbvia: os "dividendos" (em audiência, pelo menos) gerados pela confusão foram muito maiores (essa semana, até a foto da filha homossexual de Marcelo Tas, foi exibida no programa).

No mês passado, o "Jornal Hoje" fez uma enquete entre seus telespectadores sobre o projeto de lei que quer punir a discriminação contras os homossexuais: METADE dos que votaram, se manifestou contra. Como podemos ver, o deputado não denfende "apenas" interesses próprios.

O jornal A Tarde on-line de 05 de abril anuncia: "Bahia lidera ranking nacional de assassinato de homossexuais".


- Segundo a reportagem de A Tarde, houve aumento de 113% no número de assassinatos de homossexuais. Apenas nos três primeiros meses de 2011 foram 65 assassinatos.

- Entre os estados brasileiros, a Bahia lidera, pelo segundo ano consecutivo, o ranking nacional.

- Segundo o estudo, o Nordeste é a região mais homofóbica do país.

- O risco de um homossexual do Nordeste ser assassinado é aproximadamente 80% mais elevado que no Sul ou no Sudeste.

- O estudo também aponta que o Brasil lidera o ranking mundial de assassinatos de homossexuais. Nos Estados Unidos, foram registrados 14 homicídios de travestis em 2010, enquanto no Brasil, foram 110 assassinatos.

Não tenho competência para explicar essas estatísticas macabras. O que sei, é que enquanto estivermos em busca de "salvadores da pátria" e à caça de "bodes expiatórios", o pau vai continuar quebrando... para negros, mulheres, homossexuais e todas as minorias que formam a maioria em nosso país.

domingo, 3 de abril de 2011

“Não concordo com uma palavra do que dizes...

...mas defenderei até a morte o vosso direito de dizê-las."
- Voltaire.


A clássica frase acima sintetiza o significado de respeito ao direito de livre pensar e civilidade. Conceitos que andam esquecidos ou em completo desuso em nossas relações contemporâneas.

Há alguns meses atrás, uma colega fez um desabafo nas páginas do Facebook. Motivo: confusão causada por uma opinião que ela emitiu a respeito dos deficientes físicos. Pelo que eu entendi, ela discordava da afirmação de que os portadores de deficiência tem a vida igual a de qualquer pessoa, em função de uma série de limitações que lhe são impostas (tanto por parte da deficiência, quanto por parte da sociedade).

Apesar disso, continuou ela, a relação que devemos estabelecer com essas pessoas, deve ser de respeito, e não de pena. As ações de inclusão não podem usar como veio o discurso da piedade, assim como cabe aos portadores de deficiência lutar por espaço e respeito. Segundo ela a exposição de sua opinião foi o suficiente para uma “chuva de pedras”.


O que começou como desabafo virou uma "lista de discussão", com pessoas se manifestando contra e a favor sendo intermediadas por aquelas que sempre ficam em cima do muro.

Transformamo-nos na sociedade do consenso. As pessoas não aceitam ser confrontadas, a sinceridade gera desconforto. Concluimos que é melhor e mais fácil dialogar com comportamentos e discursos hipócritas do que confrontar e debater com o que não concordamos.

Reinventamos o significado da palavra respeito. Respeitar é não discordar ou não dizer nada que venha “ofender” o outro. Toda discordância se transforma em “questão pessoal”. Se eu falo do gordo, a anoréxica ao meu lado acha que é com ela. Se entro em qualquer polêmica sobre questões de gênero, querem me enquadrar em todos os artigos da Lei "Maria da Penha". Se conto uma "piada de preto", sou um racista conplexado. Se chamo meu irmão de “viado”, quem ouve enxerga em mim um homofóbico “black-nazista”


Outro dia perdi pelo menos umas quatro piadas... Piadas, não: Quatros frases que entrariam para os “anais” (lá ele) da História. Tive que me “entupir” só porque haviam, pelo menos, três homossexuais no ambiente e as frases poderiam soar preconceituosas.

O mundo anda um saco!!! As pessoas andam um porre!!!

Chegamos a um nível de hipocrisia tão absurdo que o patrulhamento do "politicamente aceitável" ganhou ares de Gestapo. Sou advertido até por quem concorda comigo, mas não quer se indispor, ou provocar "mal estar" ousando se manifestar.

Não é esse o mundo que eu quero viver!

Não é só sinceridade que falta no mundo... Está faltando ao mundo, senso de humor...

- Adoro piadas de mau gosto, trocadilhos infames e frases infelizes;

- Adoro debater idéias e pensamentos absurdos;

- Não suporto cigarro, mas adoro quem fuma;

- Não uso drogas, mas acho que devem ser legalizadas;

- Sou contra o aborto, mas acho que a mulher tem o direito de decidir que porra quer fazer com seu corpo, sua mente e sua vida.

A convivência com pessoas com idéias e comportamento pasteurizados, está me transformando em um cara “zen”. Sou quase um budista (não fossem minhas tendências genocidas).

Viva “Family Guy” e “The Simpsons” dos anos 90 (o atual está muito light); Que saudade da estupidez generalizada de Eric Cartman e da completa falta de sensibilidade de Karen Walker; das leituras do "Casseta Popular", do "Planeta Diário" e de Henfil.

Infelizmente tem sido cada vez mais difícil se divertir... As produções cinematográficas, quando falam em "um grupo de amigos", sempre tem um branco, um negro (ou indiano), um judeu e uma outra variante qualquer... todo mundo se amando. Gosto muito de cinema, mas os filmes estão tão previsíveis que você já é capaz de entender as nuances centrais da trama, no trailer.

Outro dia até que fui surpreendido com um filme: Espero Que Sirvam Cerveja No Inferno ( I Hope They Serve Beer in Hell, 2009 ). Fiquei com a impressão que havia sido filmado em outro planeta... Muito bom!

É lindo lutar pelo fim das desigualdades. Mas tão importante quanto, é respeitar as diferenças.

Por falar em diferenças, lembre que nem tudo, ou melhor, quase nada é pessoal. Não vou me calar porque, como diria a minha colega do início do texto, Cada vez que uma coisa é dita, ela ecoa nas referências e bloqueios de cada um, e às vezes vira uma crise, pois a pessoa ainda não sabe lidar com aquele assunto... vamos aprender a ouvir as coisas sem achar que é tudo direcionado pra mim, ou pra me atingir... vamos andar em paz com nossos conceitos (ou preconceitos) e pontos de vista”.



Viva a leveza da vida, viva o senso de humor!!!