
O acarajé dos Iorubás da África ocidental que deu origem ao brasileiro é semelhante ao falafel árabe inventado no Oriente Médio. Os árabes levaram essa iguaria para a África nas diversas incursões durante os séculos VII a XIX. As Favas secas e Grão de bico do falafel foram alternados pelo feijão-fradinho na África.
Comida ritual do orixá Iansã, na África, é chamada de “àkàrà” que significa bola de fogo, enquanto “jê” possui o significado de comer. No Brasil foram reunidas as duas palavras numa só, acara-je, ou seja, “comer bola de fogo”.
O acarajé, o principal atrativo no tabuleiro, é um bolinho característico do candomblé. Sua origem é explicada por um mito sobre a relação de Xangô com suas esposas, Oxum e Iansã:
Segundo a lenda, a deusa dos ventos, mulher de Xangô, foi à casa de Ifá, buscar um preparado para seu marido. Ifá entregou o encantamento e recomendou que quando Xangô comesse fosse falar para o povo. Iansã desconfiou e provou o alimento antes de entregá-lo ao marido, nada aconteceu, quando chegou em casa, entregou o preparado ao marido, lembrando o que Ifá dissera.

Xangô comeu e quando foi falar ao povo, começaram a sair labaredas de fogo da sua boca, Iansã ficou aflita e correu para ajudar o marido gritando “Kawô Kabiesilé”. Foi então que as labaredas começaram a sair da sua boca também.
Diante do ocorrido o povo começou a saudar Xangô por grande rei de Oyó, rei de pai do fogo.
O bolinho se tornou, assim, uma oferenda a esses orixás. Mesmo ao ser vendido num contexto profano, o acarajé ainda é considerado, pelas baianas, como uma comida sagrada. Por isso, a sua receita, embora não seja secreta, não pode ser modificada e deve ser preparada apenas pelos filhos-de-santo.
O primeiro acarajé (o acará) sempre é oferecido a Exu pela primazia que tem no candomblé. Os seguintes são fritos normalmente e ofertados aos orixás para os quais estão sendo feitos.
Receita do Acarajé
Ingredientes:
1 kg feijão fradinho (quem não quiser ter o trabalho citado no post anterior de manipular o feijão, pode comprar a massa pronta);
100 gramas de cebola (passada no liquidificador);
15 gramas de sal;
Azeite-de-dendê.
Modo de fazer:
Bater a massa e acrescentar a cebola e o sal. Continuar batendo a massa até que ela fique mais leve. O segredo para o acarajé ficar macio é o tempo que se bate a massa.
Utilize uma colher para bater a massa e outra para pegar a massa e moldar os bolinhos. Para fritar, utilize uma escumadeira e um garfo para virar os bolinhos.
Para fritar, use uma panela funda com bastante azeite-de-dendê. Azeite deve estar em uma temperatura entre 120 a 150º antes de colocar o primeiro acarajé para fritar.
O acarajé pode ser servido com vatapá e camarão seco. Em alguns lugares se utilizam também salada e caruru, mas pra mim, quanto mais simples, melhor.

Dicas:
Depois que começar a fritar controle a temperatura do azeite, baixando o fogo quando for necessário.
Entre uma leva e outra de acarajés, bata a massa novamente para evitar que ela assente e acarajé fique massudo ou “pesado”.