quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Bons tempos

Se pudesse voltar aos meus tempos de escola e me reencontrar todos os professores com quem estudei, não ficaria com a sensação, que tenho hoje, de que não fui grato o suficiente. Deveria ter agradecido a cada um deles pela contribuição que tiveram na minha formação. Mesmo aqueles de quem não gostava muito, os que eu achava chatos, ou rígidos, ou sonolentos ou não sei mais o que. Mesmo esses, ajudaram a me tornar o que sou hoje.

Sempre houve algo em comum entre os professores que eram queridos e aqueles que nem tanto assim: noção de respeito. Eu aprendi em casa que os professores eram a representação dos pais na escola. Desrespeito na escola significava ofensa em casa.

Quando me tornei professor não tinha consciência que herdaria um pouco dessa carga. Nunca imaginei que poderia me tornar uma referência importante para os meus alunos. É claro que em virtude de todas as transformações no comportamento e relações humanas, o professor desempenha hoje, um papel diferente.

Há cerca de 20 anos atrás, as únicas fontes de informações acessíveis para a maioria dos alunos eram a escola, bibliotecas e enciclopédias. Televisão e cinema: sinônimos de diversão; internet não existia. Hoje as informações de casa e da escola concorrem com o bombardeio de desinformações da “rua” e dos meios de comunicação e nesse contexto se redefinem e o papel da escola e do professor.

O professor não possui o monopólio da verdade (nunca possuiu, mas antes ninguém podia questionar) e nem deve ser esse o seu papel. Ao contrário, ele deve servir como uma das possibilidades do acesso ao conhecimento, estimulando a busca pelo aprendizado.

As informações estão todas aí. Disponíveis, truncadas, sobrepostas, espalhadas, desencontradas. Como utilizá-las, para servem, quais delas nos servem, como gerenciá-las? Mais do que “dar o peixe” o professor deve ser o provocador. A juventude (em qualquer geração) não combina com respostas prontas.

Apesar das novas atribuições, o professor não esta livre das antigas. Ele ainda tem a responsabilidade de servir de referência, ética, moral. Substitui pai, mãe, amigo irmão e além de tudo, é professor.

Mas pensando bem, quem dera essas responsabilidades fossem as “únicas” preocupações. Conversando um uma ex-colega de trabalho na semana passada, ela queixava-se terrivelmente das condições de trabalho. Disse que assim como aconteceu comigo, passa os dias pensando em jogar tudo “pra cima”.

Ao mesmo tempo, leio no jornal que dois alunos foram feridos em uma troca de tiros na frente de uma escola em Camaçari. Em Salvador, um aluno foi esfaqueado por outros dois dentro da sala de aula. Em Vila de Abrantes, agressão física de alunos contra professores e diretores (o diretor de uma escola já foi esmurrado em duas ocasiões) virou rotina.

Falando assim, nem parece que trabalhei com Educação por tanto tempo. Não era uma maravilha, mas também nunca foi isso que ouço, leio e assisto hoje. Nem parece o mesmo “esporte”. Nunca fui desrespeitado em uma sala de aula e só testemunhei agressão entre os próprios alunos. Mesmo assim nada que envolvesse facas, canivetes ou armas de fogo.

Antes o medo rondava os profissionais que trabalhavam nas escolas públicas de subúrbios e regiões periféricas, em pouco tempo chegou às colégios particulares. Hoje nem as instituições de nível “superior” escapam.

Sinto muito pelos amigos e colegas que tem na Educação sua fonte de sustento. Hoje, embora me preocupe me sinto à vontade no papel distanciado de observador. E penso que nem foram esses, os motivos que me tiraram da sala de aula.

Fica aqui o meu respeito por esse profissionais que insistem, persistem e continuam acreditando.


Um comentário:

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